Persépolis – programa

29/09/2009

Leia no omelete.com.br a crítica de Érico Borgo.


Tem até Eye of the Tiger em Persépolis

22/09/2009

Persépolis trata de um assunto bastante sério e dramático, que é a revolução islâmica no Irã, mas também garante pra gente umas boas risadas. Saca só esse cover da música Eye of the Tiger.


Dilema: o que ver/ler primeiro? O livro ou a adaptação pro cinema?

16/09/2009

Na verdade, na verdade, isso nem é um dilema pra mim. Acredito que também não seja pra um monte de gente. Eu escolho ler o livro antes, sempre que der.

Primeiro porque o filme traz mastigadinho algumas coisas pra você, como que cara tem a personagem principal, por exemplo. Por mais que o escritor faça descrições bem detalhistas, nunca as pessoas vão imaginar uma personagem da mesma forma. Mas vai ler o livro depois de ter visto o filme! A gente sempre fica imaginando o mocinho lá com a cara do ator que o interpretou.

Depois porque a adaptação é um olhar de alguém sobre o livro. É um olhar, não é o livro. Vendo primeiro o filme, a pessoa meio que pode ler a obra influenciada pela interpretação alheia.

Quando esse olhar sobre o livro é muito diferenciado do nosso, a gente xinga o filme dizendo que a adaptação é péssima. Às vezes rola isso também porque o cinema é essencialmente um meio de cultura de massa. Assim, muitos realizadores estão comprometidos com a proposta de ter a maior quantidade possível de gente assistindo a seu filme e não se importam tanto em ser “fiéis” à obra original.

Tem adaptação que exclui coisas que os leitores julgam importantes, que muda um pouco (ou um monte) detalhes do desenrolar da história, que dramatiza ou enfatiza coisas que nem eram tão essenciais… E eu digo isso pensando, por exemplo, em Senhor dos Anéis.

E não vamos esquecer também de que se tratam de linguagens diferenciadas, o cinema e a literatura. Tem coisa que não dá mesmo pra sair dos livros e ir pras telas. Simplesmente não funciona quando o livro tem poucos diálogos e muitas reflexões das personagens e do autor. Um exemplo de adaptação que não deu certo por isso é A insustentável leveza do ser.

Uma adaptação não precisa ser estritamente fiel, é claro. E nem consegue ser. Mas às vezes bem que poderia ser mais coerente com o livro do qual está se aproveitando pra conquistar bilheteria. Afinal, quem escolhe filmar Watchmen e Marley e Eu faz isso levando em consideração a quantidade de exemplares que a HQ e o livro já venderam, né não?

Por outro lado, no cinema existem apropriações bem livres de obras literárias que dão gosto de ver. É o caso de Crime Delicado, que será exibido pelo Segunda tem cinema no mês de outubro. Falaremos mais sobre isso no debate então.


Entrevista com Marjane Satrapi (diretora) e Chiara Mastroianni (atriz), de Persépolis

16/09/2009

Entrevista retirada do site omelete

O Omelete teve a honra de conversar com Marjane Satrapi, autora – e personagem – da história em quadrinhos Persépolis, que ela mesma, ao lado de Vincent Paronnaud, adaptou ao cinema. Confira abaixo a entrevista com a expressiva iraniana,  que foi acompanhada pela bela atriz francesa Chiara Mastroianni  (filha dos ícones Catherine Deneuve – que também está no filme, como a mãe de Marjane – e Marcello Mastroianni), que dubla a Marjane adolescente e adulta na animação.

O filme tem obtido diversas indicações e prêmios. Isso foi uma surpresa?
MARJANE SATRAPI: Foi sim. Três anos atrás eu conversei com meu melhor amigo [Vincent Paronnaud] e perguntei se ele queria fazer o filme comigo. Montamos o estúdio em Paris e reunimos todos os nossos amigos para fazê-lo. Foi um trabalho de amizade essa animação preto e branco – e aí subitamente ela ficou pronta e recebemos uma indicação para Cannes [o filme empatou com Stellet Licht na categoria Prêmio do Júri]. Sabe? Um filme feito com o que tínhamos à mão… foi incrível. Estou muito honrada e feliz e não esperava toda essa atenção.

CHIARA MASTROIANNI: Eu falei pra Marjane que ela devia começar a montar um clipping ou coisa assim. A lista está ficando grande! É uma enorme surpresa, sem dúvida. Quando começamos era algo pequeno e entre um pequeno grupo de pessoas – e agora ele está solto por aí, circulando o mundo e as pessoas estão adorando e dando prêmios a ele… é a cereja no bolo!
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Persépolis – A história em quadrinhos

07/09/2009

A Revolução Islâmica pelos olhos de Marji

Persépolis é a história de Marjane Satrapi, uma iraniana que viu seu país ser virado do avesso a partir de 1979, com a revolução islâmica. Em questão de meses o Irã entrou numa onda de conservadorismo e repressão que fez o país se fechar para o resto do mundo e empurrou-o, em muitos aspectos, de volta à Idade Média.

Para Marji, a Marjane Satrapi de 10 anos, isto significou ir para uma escola diferente, onde ela não poderia mais aprender francês (uma ameaça aos valores da revolução) e meninos ficavam separados das meninas. Como toda mulher, ela também foi obrigada a usar o véu. Imagine gente na TV dizendo “o cabelo das mulheres contém raios que excitam os homens; elas devem escondê-lo!” Andar com jaqueta jeans e tênis pelas ruas, como numa das histórias do volume 2, levou Marji a um interrogatório de uma patrulha de senhoras pró-revolução.

Mas isso é detalhe perto do que acontece no resto do país. Os pais de Marji, intelectuais liberais com alguns vínculos com o governo anterior, começam a perder amigos, que misteriosamente desaparecem. Vizinhos e parentes fogem enquanto podem (o país fecha suas fronteiras em 1981). Com o início da guerra contra o Iraque, em 1980, uma bomba pode repentinamente cair no seu bairro. O terror e a falta de perspectiva tomam conta.

Satrapi começou a publicar suas memórias na França em 2002. Persépolis saiu originalmente, lá e aqui, em 4 volumes: os dois primeiros sobre a infância e pré-adolescência de Marji, o terceiro sobre seu exílio na Europa (os pais acreditam que ela terá uma educação melhor fora do país) e o quarto sobre seu retorno ao Irã para cursar a universidade. O material foi recentemente reunido no Brasil pela Companhia das Letras em uma edição única.

A autora ainda tem outros álbuns publicados lá fora, como o elogiadíssimo Poulet aux Prunes (Frango com Passas), também com toques autobiográficos – e que a Companhia das Letras também tem planos de publicar.

Em meio a toda tristeza da situação do Irã, a biografia de Satrapi é forte ao revelar o que é ser um civil no meio de uma revolução, de uma transformação cultural violenta e de uma guerra. Um boneco que não pode fazer nada, sujeito aos desígnios de governantes, que parecem insanos. Mas, no clima de terror e incerteza do país, Marji e sua família ainda encontram tempo para rir. São estes momentos, de humor no meio do caos (às vezes um tanto nervoso), que tornam Persépolis imperdível.

Texto de Érico Assis, publicado no omelete.