De engrenagens e bobinas.
A Máquina, o livro, filme, peça, não trata de engrenagens, fios, placas de metal, circuitos ou bobinas. Não é desse tipo de máquina.
A Máquina, livro, filme, peça, é de máquina-homem e máquina-mulher. Máquina-corpo. Máquina-coração, que bate mais rápido. Máquina-pulmão, que ofega. Máquina-tempo-que-não-é-do-tempo. Máquina-mundo. Máquina-eu. Máquina-você. Máquina-antônio-e-karina. Máquina-amor.
A Máquina, livro, filme, peça, tem a ver com tempo. Tem a ver com confundir tempo de horas com tempo de chuva. Porque A Máquina, livro, filme, peça, é sobre palavras. E olhe que nem entra nessa bagunça de dizer que ‘no princípio havia o Verbo’.
A Máquina, livro, filme, peça, é sobre torcer o mundo. A Máquina-mundo. Para funcionar de um jeito bonito de se ver, fazendo o povo todo rir que só vendo com todas essas coisas bobas de amor que a gente morre de vergonha de dizer que sente.
A Máquina, livro, filme, peça, é sobre um menino e uma menina. O menino quer a menina e a menina nem sabe que quer o menino. Mas a menina quer o mundo e o menino, que não é besta nem nada, vai lá buscar o mundo para a menina que isso não é serviço pra moça daquela idade.
A Máquina é livro porque é palavra. A Máquina é peça porque é emoção de verdade. A Máquina é filme porque é imagem.
A Máquina, o livro, o filme e a peça, é tudo isso e se você quiser, pode ser ainda mais.
*Texto do programa distribuído durante exibição de “A Máquina”, no dia 29 de junho de 2009.