“O gigante do Japão”: enorme surpresa

23/05/2011

Pela segunda vez consecutiva, alunos do 1º ano noturno do cuso de Técnico em Produção de Áudio e Vídeo, do Colégio Estadual do Paraná, assistiram à exibição de um filme do projeto “Terça tem cinema”. Dessa vez, os estudantes tiveram contato com a película “O gigante do Japão”. Acompanhe o relato deles e confira como o filme se mostrou surpreendente – positiva para uns, negativamente para outros:

“O Japão possui sua juventude e sua nova geração, como qualquer outra nação os possui. Os valores culturais de seu povo são seu maior tesouro. O filme mostra que o Japão tem como seu ‘fantasma’, seu vilão, o imperialismo ideológico, econômico, consumista – o prostituidor da cultura”, Tiago P. S. Albuquerque.

“O filme é bastante confuso. Imagens e personagens bem diferentes. Mas acredito que por trás da brincadeira e, às vezes, do ridículo, nos mostra situações do dia-a-dia e questões éticas sobre assuntos bem complexos os quais, geralmente, acabamos nem percebendo.
Achei um filme fora das proporções habituais mas, de qualquer forma, bem interessante”, Robson Souza.

“De início, mostra a vida medíocre de um simples trabalhador japonês. No decorrer, se descobre que o homem entrevistado é um herói. Esse filme tem um diferencial em relação aos demais de ‘super-heróis’. Neste, o herói é um cara normal, que sofre para sobreviver; é até ridicularizado pela população. Desse filme se podem criar várias discussões, pelo fato de como são construídos os efeitos especiais, cenários, a linguagem em si”, Patrícia Marques Evangelista.

“O filme surpreende pela linguagem documental que é apresentada durante todo o filme. No entanto, em vez dessa primeira impressão – a de que é um documentário convencional – é um documentário ficcional, cheio de humor, efeitos especiais. Mostra as batalhas heróicas do gigante, que não tem seus feitos valorizados. Sua vida conjugal é fracassada; o personagem tem como único amigo um gato – diferentemente dos heróis convencionais, idolatrados pelo povo”, Nadine Nascimento de Cristo.

“É uma sátira de forma sutil. Mostra a influência norte-americana que os japoneses vêm sofrendo, absorvendo a cultura ocidental. Uma crítica aos próprios japoneses, ao usar os mesmos elementos que nós ocidentais os conhecemos como ‘super-heróis’ x ‘super-vilões’”, João Henrique Xavier de Campos.

“Um homem que não queria ser ou se tornar tão grande e conhecido como se tornou foi praticamente obrigado a assumir o papel de herói de sua terra. No quesito história, achei um pouco fraco, mas tem uma combinação que parece que deu certo. O final, meio que ‘Liga da Justiça’, me deixou surpreso”, Franklin.

“Iniciando-se aparentemente como um documentário e com um final bizarro surpreendente, ‘Gigante do Japão’ mistura de forma incomum e irreverente a ficção com a realidade. Realmente, muito bom!”, Daniel Valoto.

“Aparentando no início um simples documentário, o filme surpreendeu com a história de um herói que tinha uma vida pessoal fracassada e derrotava monstros nojentos e bizarros. Possui efeitos especiais toscos, bom humor e crítica. Excelente para abrir debates e fazer pensar”, Camila Marçal.

“No começo, parece ser um documentário normal, como qualquer outro. Depois, vemos que é ficcional, mas que trata de vários problemas reais que uma pessoa real tem. Como seu problema amoroso: divorciado, ele sofria pela ex-mulher. Também tem este problema: os países desvalorizam suas culturas para introduzir a cultura estadounidense (ou mesmo o imperialismo estadounidense)”, Bianca Caroline Jucá.

* Texto enviado pelo professor Wagner de Alcântara Aragão


O Gigante do Japão (2007)

18/05/2011

No início vemos Daisato, e nada mais do que Daisato e sua vida medíocre, sendo registrada em uma espécie de documentário. Sabemos que ele sempre gosta de carregar um guarda-chuva, que mora sozinho, é separado, e quase não vê a filha pequena. Então vem a pergunta: por que tanto interesse nesse homem?

Mas, por trás daquela aparência banal, descobrimos que Daisato é na verdade “O Gigante do Japão”, um herói que sempre salva o país, que deve ser o que mais tem monstros por metro quadrado do mundo. Então, ele deve ser super respeitado e adorado, certo?

Errado! Mesmo tendo que passar por um ritual bizarro e sofrer um bocado em suas batalhas, Daisato é ridicularizado pela população em geral. Para sobreviver, ele vende espaço em seu próprio corpo para anúncios publicitários, afinal suas lutas são transmitidas (com audiências não tão boas) para todo o Japão.

Habituados a tantos ataques, os japoneses parecem não ligar nem para os monstros, nem para o herói. Bem diferente do status que seu avô tinha, afinal, ele também combateu ameaças gigantescas, mas em outra época.

Com momentos que alternam seriedade e humor, o filme desconstrói toda uma tradição da cultura pop do país: monstros gigantes existem desde séries bem antigas, mas parecem não combinar mais com o período atual. Com isso, um determinado tipo de herói também ficou datado, embora ele ainda queira continuar a proteger a nação e, por que não, resgatar as tradições.

Os efeitos especiais podem parecer toscos para os padrões de hoje, mas não deixam de ser propositais, para apresentarem esse aspecto típico das séries de heróis e monstros gigantes. Basta lembrar de Godzilla destruindo cenários de maquete, ou da série Ultramen, para ver a força que esse tipo de linguagem ainda tem, e que é homenageada nesse filme. Ainda que de forma estranha.

* Texto do programa distribuído durante exibição do filme “O Gigante do Japão”


O Gigante do Japão

10/05/2011

Deve ser difícil morar no Japão. Quer dizer, claro que lá está cheio de japonesas , mas, por outro lado, o país é constantemente atacado por monstros gigantes. Tanto que eles já viraram mais que uma tradição, são uma verdadeira instituição nipônica.

O Gigante do Japão se apossa desse aspecto tão querido da cultura pop japonesa para entregar uma das obras mais insanas e divertidas em muito tempo. Pra começar, o filme é um documentário. Falso, é claro, mas muito bem arquitetado.

Através da lente da câmera do documentarista, acompanhamos um pouco da vida de Sato, um sujeito solitário e decadente que no começo do filme simplesmente não faz quase nada. Ele come, anda de trem, fica sentado num parque e por aí vai. À primeira vista pode parecer chato, mas logo descobrimos porque o interesse em registrar os passos desse sujeito. Sato é o Gigante do Japão, o mais recente de uma longa linhagem de defensores da pátria. Quando monstros gigantes invadem a cidade, ele cresce a um tamanho descomunal (através do uso de eletricidade) e vai lutar com os bichos.

E aí entra a grande sacada do filme. O tom documental humaniza o personagem, torna-o tridimensional. Não tem como não simpatizar com ele. O cara ganha pouco, é separado, mal vê a filha e é ridicularizado pela opinião pública, mas ainda assim, continua a defender a terra do Sol nascente. Seja através de suas próprias declarações, ou dos depoimentos de personagens próximos a ele, todo o seu histórico vai sendo apresentado ao espectador.

Aliás, esse filme é o que Hancock deveria ter sido, mas não conseguiu. Não apenas por mostrar o herói em situações realistas, se virando em coisas cotidianas banais, como também o fato de que a população simplesmente o odeia pela trilha de destruição que suas batalhas deixam. Aliás, existem outras semelhanças entre os dois filmes, mas basta dizer que este foi feito primeiro.

Os efeitos especiais, em um CGI propositadamente tosco, são ótimos e o design dos monstros é engraçadíssimo. A película apresenta ainda momentos memoráveis, como o ritual de transformação de Sato, o qual envolve uma bênção maluca e depois uma sunga gigante, e o papo entre ele e o Monstro Fedorento, onde ele tenta convencer a criatura a deixar a cidade, mas todas as falas deles são ditas naquele estilo consagrado pelos tokusatsus de berrar gritos de guerra como se estivessem com raiva.

O final ainda apresenta uma divertida homenagem/sacanagem com a família Ultra (Ultraman, Ultraseven) e é até totalmente em live action (tosco, é claro), na melhor tradição de Jaspion e afins.

Só não dei o Selo Supremo, e ele realmente chegou bem perto de recebê-lo, porque em uma das cenas há um corte abrupto bizarro e depois o protagonista já está em outra situação, sem que se explique o que exatamente aconteceu ao final da sequência cortada. O final também exagera um pouco na dose e por conta disso não é tão legal quanto poderia. Aliás, o filme acaba abruptamente. Isso não me incomoda, mas vale o aviso: se você é um dos que espumou com o desfecho de O Lutador, prepare-se para passar raiva aqui também.

Ainda assim, é um dos melhores longas a que assisti esse ano (que está deveras decepcionante, devo acrescentar) e para quem gosta do assunto abordado, é uma ótima homenagem ao gênero. Obrigatório para qualquer otaku que se preza e também para nerds em geral.

Texto escrito por  Carlos Cyrino e publicado Delfos.


“O Gigante do Japão” usa humor para subverter clichê de filmes de monstros japoneses

09/05/2011

“O Gigante do Japão” subverte um velho clichê de filmes de monstros japoneses. Assim como na maioria das histórias do gênero, um homem se transforma em um super-herói do tamanho de um prédio para enfrentar criaturas gigantes que ameaçam destruir alguma cidade do país. Mas o cineasta Hitoshi Matsumoto, que também interpreta o protagonista Daisato, busca olhar para o tema sob um outro ângulo. É esse desvio do enfoque tradicional que garante os melhores momentos de “O Gigante do Japão” (2007).

O que impulsiona o filme é o questionamento sobre como seria a vida “real” de um homem que teria esses poderes no Japão moderno. “O Gigante do Japão” começa como um documentário que acompanha o cotidiano de Daisato. Uma equipe de filmagem segue a rotina de sua vida nada glamourosa. O protagonista é uma figura banal que vive em uma casa bagunçada. É a imagem de um anti-herói.

Porém, quando é convocado para combater algum monstro, Daisato se transforma. Ele se dirige a uma usina de energia, onde recebe uma enorme descarga elétrica que o transforma em um gigante. Poderia ser apenas mais um recurso narrativo para a passagem do homem para o super-herói. Mas Matsumoto vai aos detalhes para extrair o humor da situação.

Por exemplo, o herói Gigante do Japão veste apenas uma sunga. Seu uniforme “cresce” junto com o herói? Não, há uma sunga enorme confeccionada especialmente para a ocasião. Para onde vai o herói após o combate? Existe um local exclusivo reservado para o descanso do herói. E assim o cineasta vai desconstruindo a figura de um herói tornando-o patético.

No fundo, o Gigante do Japão é “gente como a gente” que está à mercê das forças sociais de seu tempo. Por isso, em suas lutas, que são transmitidas pela televisão japonesa, o Gigante do Japão leva colado ao seu corpo propagandas de algum patrocinador do momento.

O filme toca em um tema recorrente a respeito do Japão: o conflito entre o tradicional e o moderno. O tema torna-se mais claro quando o Daisato de hoje revela que já não tem o mesmo prestígio de seu avô, o Gigante do Japão do passado.

O cineasta parece se divertir com essa questão. A obra começa em um tom sóbrio e verossímil, na forma de um documentário que acompanha um personagem da vida “real”, para descambar em um final de puro nonsense, momento que, não por acaso, marca também o retorno do “vovô gigante”.

A obra cinematográfica sugere que a luta entre o presente moderno com o passado tradicional é absurda, uma vez que o tempo se encarregou de deixar a tradição para trás. Pode-se discordar desse argumento, mas pelo menos rende boas risadas.

* Texto escrito por Edilson Saçashima e publicado no Uol


Allen, além da imaginação

02/05/2011

Uma turma de alunos do primeiro ano, período noturno, do curso de Técnico em Produção de Áudio e Vídeo, do Colégio Estadual do Paraná, participou da mais recente edição do “Terça tem cinema”. Na última terça-feira, 26 de abril, os estudantes assistiram a “Zelig”, de Woody Allen, e participaram do debate que costuma seguir às apresentações. Confira a seguir as impressões principais dos aluno, tanto sobre o projeto como sobre a obra em discussão:

“Genial. Virei fã de Woody Allen depois de assistir a esse filme. Realmente não sabia o que era real e o que era ficção. Cheguei a me perguntar se poderia existir uma doença que mude a aparência das pessoas daquele jeito. Sarcástico, engraçado, alucinante”, Caio Monczak.

“É um projeto muito bom, interessante, porque traz filmes de difícil acesso, e com exibição gratuita. O filme Zelig faz com que você acredite que a história é real até praticamente a metade do filme. Traz críticas bem elaboradas e feitas com bom humor”, Camila Marçal de Melo.

“Woody Allen prova que pra fazer comédia não é necessário apelar pro ridículo, ou pro exagero, pelo contrário: Zelig é uma inteligente crítica à sociedade americana, às classificações da Psicologia e, até mesmo, uma sátira ao diagnóstico de doenças psíquicas. No mínimo, genial”, Daniel Horn.

“Um filme muito interessante. Nos faz pensar sobre as mudanças constantes de Zelig para se adaptar às pessoas em uma sociedade sempre inconstante”, D. Tomaz Birnsfeldt.

“Zelig é simplesmente genial. Constantemente o filme nos convida a várias reflexões dentro de uma situação caótica, na qual a realidade e a ficção se fundem… e se confundem!”, Felipe Debiasio (Semente Sonora).

“O projeto é sensacional. Merece uma maior divulgação, porque apresenta filmes difíceis de serem encontrados, com boa temática, além do debate. E o Zelig, de Woody Allen, mexe com as nossas sensações intelectuais e com a nossa ignorância, de uma forma sutil. Os depoimentos apresentados davam um ar de realidade ao mesmo tempo em que o protagonista, em suas crises de identidade, tomava forma das pessoas em seu ambiente”, João Henrique Campos.

“É um filme diferente da maioria. Zelig é um documentário de ficção, no decorrer do filme a junção de cenas reais com ficcionais torna as cenas surpreendentes. A cada instante, Woody Allen, por meio de sua personalidade analítica, cômica, consegue impressionar os espectadores com os problemas que Zelig enfrenta, até ele encontrar sua verdadeira personalidade”, Paty Evans.

“Uma crítica à sociedade, com o objetivo de mostrar que as pessoas querem ser como os outros querem, e também em relação a um certo preconceito com pessoas ‘gordas’, negros, orientais, asiáticos… Mostrar como as pessoas ficam populares só quando são o que os outros querem”, Robson Souza Gomes.

“Um filme documental no estilo real, porém ficcional. Um documentário cujo cenário é o poder real do imaginário. O mito, o bendito, o maldito… Zelig… Todas as personalidades em uma só personagem. Todas as personagens em uma única busca… Quem compreende Zelig? Quem conhece Zelig? O que é Zelig? O que ‘são’ Zelig? Woody Allen testa nossas indagações mais profundas: de onde vim, para onde vou, quem sou… Talvez Zelig?”, Rodrigo Braz.

“O filme brinca com a nossa ignorância, ou seja, com o conhecimento ou a falta de conhecimento histórico que nós temos, porque a ficção e a realidade caminham juntas. A ficção se maquia de real, alimentada por esse fator ‘ignorância’ de parte do espectador”, Tiago P. S. Albuquerque.

“Me chamou a atenção como ele reconstrói, brincando com fatos reais, a história de seu personagem. No debate, alguém comentou: ‘somos doutrinados a gostar de heróis ativos’. Zelig é passivo. Será, aliás, o alterego de Woody Allen, pedindo nossa atenção? No filme ele consegue ser um ‘herói’”, Simone Aparecida de Matos.

“O projeto ‘Terça tem cinema’ proporciona diversão e cultura à comunidade curitibana”, Soraia Roque de Paula Rodrigues.

* Texto enviado pelo professor Wagner de Alcântara Aragão