*Sol Sloboda escreveu este texto. Trata-se do programa distribuído durante exibição de “Mais Estranho que a Ficção”, no dia 22 de março de 2011.
É hoje! Mais Estranho que a Ficção no Terça tem cinema
22/03/2011Hoje o Terça tem cinema dá início à programação 2011 com a exibição do filme Mais Estranho que a Ficção. O filme rola no miniauditório do Campus Curitiba (Av. Sete de Setembro, 3.165 – Rebouças), às 18h30, com entrada gratuita. No final, sempre tem bate-papo. Apareça!
Mais Estranho que a Ficção (2006)*
Dizer que Hollywood passa por um período negro não é novidade alguma.
Há uma crise criativa incrível no cinema comercial norte-americano. Parece que o medo de rejeição dominou completamente os roteiristas e, para evitarem o fim amargo dos que ousam, tudo que se produz hoje em dia tem uma cara insossa de enlatados. Filmes saídos direto da linha de montagem. O festival de clichês que se acumulou nas últimas cinco dédacas faz com que quase qualquer filme, drama ou comédia, seja previsível. Espantamo-nos quando podemos dizer:
– Nossa, que filme diferente!
O advento de Charlie Kaufman, com seu “Quero Ser John Malkovich”, foi um sopro de inovação em meio ao desgastado paradigma dos filmes americanos. Num misto de realismo mágico e absurdo kafkiano, Kaufman apresentou a luz no fim do túnel: é possível ser criativo e, mesmo assim, comercial.
No melhor estilo kaufmanesco, surge “Mais Estranho que a Ficção”, dirigido por Marc Foster e roteiro de Zach Helm. Um filme inovador, mas sem jogar a criança com a água do banho. Aproveita o que há de melhor no paradigma tradicional da escrita de roteiros — apresentação, ponto de virada, desenvolvimento, ponto de virada II, desfecho –, mas com uma temática diferente e metalingüística.
Harold Crick, interpretado por Will Ferrel, o queridinho cômico do momento, é um auditor da Receira Federal. Num dia convencional, ele começa a ouvir uma voz, narrando tudo que ele faz. Primeiro, ele pensa estar louco, mas logo percebe que esta sugestão não é satisfatória. Crendo-se ser um personagem numa história literária, ele procura a ajuda do professor de Literatura Jules Hilbert (Dustin Hoffman), para descobrir quem é e em qual história está.
O desenvolvimento é brilhante. Esperamos o tempo todo por aquele deslize que derrubará o enredo e transformará este filme em mais uma daquelas comédias simplórias. Mas não; “Mais Estranho que a Ficção” se sustenta, do começo ao fim, sem dar respostas fáceis, sem abrir mão da sua ludicidade, sem tentar nos enganar com clichês.
A prova de que arriscar não é um salto sem rede de segurança; de que é possível sim ser criativo, sem abrir mão do entrenenimento.
* Texto escrito por Henry Alfred Bugalho e publicado no blog O Crítico.
“Mais Estranho que a Ficção” tem herói tímido, medíocre e irresistível*
11/03/2011A idéia não é nova, mas ainda prende a atenção de platéias. “Mais Estranho que a Ficção” leva ao cinema uma história dentro da outra. Tá, “Show de Truman” (1998, com Jim Carrey) e “Adaptação” (2002, com Nicolas Cage) também –só para citar dois filmes recentes que brincam com a metalinguagem e dão certo. Agora, o mais estranho nesta ficção, que estréia hoje (12), é como ela consegue escapar da prateleira dos trambiques cinematográficos.
Escrita pelo estreante Zach Helm, a comédia apresenta Harold Crick (Will Ferrel, ótimo), um tragicômico auditor da Receita Federal. Solitária, sua vida é guiada por números. Em cada um dos 32 dentes vão 72 escovadas, para ajeitar a gravata gasta menos de 60 segundos, seu intervalo no trabalho é de 20 minutos.
E por aí vai, diariamente, até uma voz feminina irromper em seus pensamentos, narrando suas ações e sensações. Esquizofrenia? Não, conclui Crick, pois o vocabulário “dela” é melhor. A narradora onisciente é a escritora britânica Karen Eiffel (Emma Thompson), conhecida por assassinar seus personagens no fim das tramas, e Crick é protagonista de seu romance. Sabendo de sua morte iminente, ele vai à caça da escritora e da própria vida.
Vale notar as inúmeras referências aos Beatles durante o filme. Harold é um “taxman” (música do disco “Revolver”), há tomadas na rua Abbey Road (capa 12º álbum do grupo), a assistente de Eiffel, interpretada por Queen Latifah, chama-se Penny (da canção “Penny Lane”). O filme também recorre à imagem da maçã verde, símbolo da Apple Corps, gravadora do conjunto de Liverpool.
Apesar das comparações com os roteiros de Charlie Kaufman (“Adaptação”, “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, “Quero Ser John Malkovich”), “Mais Estranho que a Ficção” segue uma linha mais amena, menos sombria. É um Kaufman mais comercial, vá lá. Tem açúcar, bastante risadas e um pouco de auto-ajuda. Ainda bem que, ao fugir da pieguice, pelo menos até o desfecho, a obra dá o que promete: um personagem humano como raramente se vê no cinema hollywoodiano.
* Texto de Diógenes Muniz, publicado em 12/01/2007 na Folha Online.
Iniciando os trabalhos de 2011: Mais Estranho que a Ficção
09/03/2011O Terça tem cinema inicia as exibições de 2011, em março, com o filme Mais Estranho que a Ficção.
Dia: 22 de março
Hora: 18h30
Local: miniauditório do Campus Curitiba da UTFPR
Confira ficha técnica e assista ao trailer.
Ficha técnica
Título original: Stranger Than Fiction
Gênero: Comédia
Duração: 113 min
Ano de lançamento: 2006
País: EUA
Estúdio: Mandate Pictures / Three Strange Angels / Crick Pictures LLC
Distribuidora: Columbia Pictures / Sony Pictures Entertainment
Direção: Marc Forster
Roteiro: Zach Helm
Produção: Lindsay Doran
Música: Britt Daniel e Brian Reitzell
Fotografia: Roberto Schaefer
Direção de arte: Craig Jackson
Figurino: Frank L. Fleming
Edição: Matt Chesse
Efeitos especiais: Digital Dimension / Proof / Fiction Science / Intelligent Creatures Inc. / MK 12 / Mokko Studio / Klon Films / Bar X Seven / Double Negative
Elenco: Will Ferrell (Harold Crick), Maggie Gyllenhaal (Ana Pascal), Emma Thompson (Kay Eiffel), Queen Latifah (Penny Escher), Dustin Hoffman (Prof. Jules Hilbert).
Sinopse
Certa manhã Harold Crick (Will Ferrell), um funcionário da Receita Federal, passa a ouvir seus pensamentos como se fossem narrados por uma voz feminina. A voz narra não apenas suas idéias, mas também seus sentimentos e atos com grande precisão. Apenas Harold consegue ouvir esta voz, o que o faz ficar agoniado. Esta sensação aumenta ainda mais quando descobre pela voz que está prestes a morrer, o que o faz desesperadamente tentar descobrir quem está falando em sua cabeça e como impedir sua própria morte.
Trailer